domingo, 9 de julho de 2017

Resumo: “A Escola Metódica”. In: As Escolas Históricas, Lisboa, Europa-América, 1983. Pp. 97-118.

Referência ao texto fichado: Bourdé, G. & Martin, H., “A Escola Metódica”. IN:As Escolas Históricas, Lisboa, Europa-América, 1983. Pp. 97-118.

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    A corrente de pensamento historiográfico chamada de metódica nasce com a proposta de  lançar sobre as pesquisas em história uma visão científica. Para tal, as hipóteses filosóficas  deveriam ter deixadas de lado pelo profissional que escreve a história. Para alcançar o objetivo ao qual se pretende, o historiador deveria utilizar técnicas que dizem respeito aos inventários. Deveriam utilizar a crítica documental. G.Monod e G.Fagniez, ligados a esta forma de pensar, fundam, no ano de 1876  a Revista Histórica, que pretendia publicar investigações que fossem originais sobre os diversos períodos da história, era muito voltada aos profissionais universitários que tinham contato com arquivos.A Revista História diz-se neutra, entretanto vê-se claramente sua tendência a apoiar a república francesa, o nacionalismo, a instauração de leis escolares. Os metódicos chegam a fazer a elaboração de cartilhas escolares. Depois de alguns anos da criação de A Revista Histórica, Charles-Vitor Langlois e Charles Seignobos, historiadores ligados à Escola Metódica, dita positivista, escreveram uma obra na qual definiram as regras que seriam voltadas à disciplina de história. Deram o nome a essa obra de Introdução aos estudos históricos. Langlois e Seignobos dão uma grande contribuição para a objetividade e a cientificidade da história. Desconsideravam a teologia e a filosofia da história . Ocorre, com os metódicos, uma verdadeira quebra epistemológica,ao afastarem de suas análises o providencialismo cristão, o progressismo racionalista e até o finalismo marxista. Para  Langlois e Seignobos a história deve se deter a aplicação de documentos. Eles se apropriam de pensamentos de Von Ranke, para o qual o historiador deve ser passivo ao escrever a história. Consideram vestígios dignos de serem utilizados como fonte histórica apenas os documentos escritos.Documentos voluntários ( um decreto, por exemplo) tem grande valia. O historiador, para eles, deve se preocupar muito com os documentos, uma de suas tarefas prioritárias era a de justamente reconhecer os documentos e os proteger para que não sejam destruídos. Para escrever a história o historiador deveria usar um método de análise, permeado, claro, pela cientificidade. O documento estando reconhecido e classificado, os historiadores, para fazerem sua pesquisa, deveriam fazer uma série de operações analíticas. Começar-se-ia com a crítica externa, crítica de erudição, na qual iria se identificar a origem do documento, se é cópia ou não, se é falsificado ou não, etc. Depois fazia-se necessária uma crítica interna que, grosso modo, seria saber o que o autor quis dizer com o texto e quais suas intenções ao escrever ele. Se teve má fé ou não, por exemplo.Depois viriam as operações sintéticas que aconselha-se seguir por partes. Na primeira parte o historiador deveria fazer a comparação entre vários documentos para se estabelecer fatos particulares, depois, na segunda parte, deveria se isolar atos em questões mais gerais. Na terceira parte o historiador deveria ligar os fatos, usando inclusive a dedução.Na quarta parte selecionava-se fatos relevantes entre muitos documentos e na quinta fazia-se algumas generalizações. A historiografia metódica privilegia muita a história política, um exemplo disso é Ernest Lavisse que escreve uma obra que no próprio título mostra a que veio: a obra tinha como título História da França, cuja análise se deu a partir de uma ideia de Estado-nação. Lavisse é um homem muito nacionalista. Republicano também, mas mais nacionalista. Ele privilegia, em suas obras, aspectos políticos, militares e diplomáticos. A história escrita por Lavisse, assim como a história escrita pelos metódicos de uma forma geral, é a história dos grandes feitos, dos grandes acontecimentos, dos grandes herois. A escola gratuita e laica veio com a Terceira República, na França. A Escola Metódica participa desse processo. Criam materiais escolares que, claro, deveriam fazer, entre outras coisas, com que os alunos sentissem grande amor pela República. Lavisse chega a elaborar um grande manual de história,intitulado Petit Lavisse , com 240 páginas. A história serve aí para defender um projeto político. A classificação de positivistas que se dá a esta escola é inadequada. Os metódicos desenvolvem muito mais seu método a partir de Leopold Von Ranke do que do próprio August Comte.A história que se pretende positivista na perspectiva de Comte é feita mesmo por L. Bordeau, que diz que a história deve desprezar os acontecimentos singulares e os “grandes personagens” e é preciso dar importância às multidões. Bordeau também defende princípios de filosofia da história. O programa de Bordeau é diferente do que se tinha com os redatores de A Revista Histórica, que dava muito importância ao fato, ao evento histórico em detrimento de uma história mais das massas. Também não aceitavam uma filosofia da história. Monod chega a afirmar que a história não passa de uma ciência descritiva. De Von Ranke os seguidores da historiografia metódica tiram a sua inspiração. Ranke apresenta alguns postulados/regras, para o historiador: a primeira diz que o historiador não deve julgar o passado, só dizer o que realmente ocorreu, a segunda diz que o historiador deve ser imparcial na percepção dos acontecimentos, a terceira diz que o conjunto de res gestae existe em si objetivamente,já têm uma estrutura definida, a quarta diz expõe que o historiador resgata o passado de forma passiva, como um espelho reflete a imagem de um objeto. E a quinta diz que a tarefa do historiador é reunir dados, documentos seguros. Qualquer reflexão teórica é inútil. Surgiram alguns críticos a respeito deste modo de trabalhar com a história.As principais críticas vieram dos historiadores ligados ao grupo que dirigia a revista Annales.Chamaram a história metódica de historizante. Diziam que o documento não devia ser apenas o escrito e voluntário, para os Annales testemunhos involuntários também servem de fonte histórica. Criticavam a ideia de fixar-se apenas em fatos singulares, diziam que também é importante compreender as diferentes sociedades considerando a longa duração, diziam que a história deveria levar em consideração não apenas questões políticas e militares, mas também culturais, etc. Criticaram também o receio que tinham os metódicos de empenhar-se em debates. No entanto a crítica dos Annales é relativamente limitada.Deixam de levantar algumas outras questões, por exemplo a questão da objetividade em história.  Outros movimentos também criticaram os metódicos, como foi o caso dos presentistas ou relativistas que diziam que a história não é objetiva pois o historiador é comprometido por questões de seu tempo, a história seria subjetiva. Os marxistas também criticaram os metódicos, dizendo que o conhecimento é produzido por um sujeito social comprometido com sua classe e seu tempo.Na compreensão do passado deve-se levar em consideração todas as determinações sociais.

Resumo que fiz para a disciplina de Introdução aos Estudos da História, quando fazia o 1º período do curso de História na UFCG


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