quarta-feira, 10 de abril de 2019

A história para Hayden White


O seguinte texto foi produzido por mim no 1º semestre do meu curso e é uma espécie de fichamento/resumo do seguinte texto:  REIS, José Carlos.O entrecruzamento entre narrativa histórica e narrativa de ficção. In: Diálogos Interdisciplinares entre Fontes Documentais e Pesquisa Histórica. APOLINÁRIO, Juciene Ricarte e SOUZA, Antonio Clarindo Barbosa (org.). Campina Grande, PB: Eduepb, 2011.


O texto do professor José Carlos Reis vai tratar da concepção de história e narrativa histórica presente no historiador Hayden White e no filósofo Paul Ricoeur. Para o primeiro, White, a narrativa histórica é uma narrativa literária e ele deixa isso bem claro em obras suas como “Meta-História” e “Trópicos do Discurso”. Para ele os historiadores tem grande preocupação com essa grande aproximação entre história e literatura, mas esquecem que nenhum historiador consegue passar, a quem ler seus textos, o passado tal como ocorreu. História, para White, é literatura e não ciência, e não é ciência, inclusive,por que não é realista. 

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Os historiadores fariam representações de representações. A narrativa histórica seria era uma construção imaginativa do passado. Ele diz que não há motivos para que os historiadores se envergonhem dessa relação íntima que têm a história e a literatura visto que literatura também é forma de conhecimento superior. Não é apenas o conhecimento científico que é válido. A narrativa histórica, pera White, é poética e sua linguagem é figurativa. Para ele o historiador sempre escreveu de forma mais literária do que científica, pois até mesmo os registros históricos são incompletos e são obtidos apenas em forma de fragmentos. É o próprio estilo do historiador que configura ele. Os acontecimento em si, são neutros, é a perspectiva adotada pelo historiador que as torna trágicas, românticas, etc.

O filósofo Paul Ricoeur pensava de outra forma.Para ele narrativa histórica era sim realista, mas também era literária. O texto e o leitor têm papeis importantíssimos nessa sua análise. Para ele, existiriam dois tipos de comunicação envolvendo as relações no mundo. Uma primeira forma seria mediada pela fala, essa forma é bastante realista, é a própria palavra viva. A outra forma seria a mediada pelo texto ( escrito). Para Ricoeur, há nessa segunda forma uma relação de ausência entre  a interação entre autor e leitor, pois o leitor ler o que está lá, mas será se entende realmente o que o autor quis dizer escrevendo aquelas palavras? Um texto faz referência a um texto, que por sua vez faz referência a outros textos e nisso essa rede intertextual vem a substituir a realidade tal como é. Para ele não se podia fazer do texto a própria realidade, mas também o texto histórico não seria dotado apenas de imaginação. Ricoeur propõe para a historiografia o caminho da semântica hermenêutica. Nessa abordagem o texto não retorna 100% a si mesmo, mas não se restringe à suspensão que faz do mundo. Restitui o diálogo,a comunicação.

 Por meio dessa abordagem o leitor passa a ser ativo. Ele interpreta o texto, se apropria dele. A interpretação é atual, o texto “entra” na experiência vivida do leitor. O leitor tem condição de limitar a dimensão ficcional e se liga à referência externa, realista, controlável. Para Ricoeur o tempo vivido não é inarrável. Para ele a narrativa seria ( também ) uma construção poética, mas que pode oferecer o reconhecimento da “experiência vivida”. A narração histórica não diz o que a realidade é, nem o por quê dela, mas como ela se dá. Ricoeur diz que tanto literatura, quanto história tem uma função em comum: dar forma e sentido a experiência vivida. Mas diz que ambas são diferentes. A historiografia, diferente da literatura, coloca os personagens históricos dentro do tempo do calendário, recorre a arquivos, documentos e vestígios, por exemplo. Tudo isso torna o conhecimento histórico objetivo. Os vestígios garantem que alguém esteve ali e agiu. 

Segundo a análise de Ricoeur, para dar mais realidade na reconstituição do passado elaborado a partir do presente, o historiador pode adotar três atitudes: a primeira seria tratar o tempo como ele mesmo, buscando a reefetuação do passado, a segunda seria tratar o passado como o “outro” ,o passado a partir desse olhar seria distante, muito distante, inclusive e o historiador deveria adotar técnicas sofisticadas e documentação serial. A terceira atitude era a de tratar o passado como sendo “análogo”, exótico, mas ao mesmo tempo reconhecível. Entretanto para Ricoeur ao olhar para o passado como sendo análogo, a narrativa histórica se confundiria com a ficção. Ele então diz que o ideal é que o historiador não se fixe em uma dessas três atitudes, mas que tente ligar elas. As narrativas históricas tem certa realidade, pois têm objetividade. A interpretação histórica não é uma “variação imaginativa”, por mais que utilize a imaginação: existem dados exteriores que limitam o que se pode pensar de um evento histórico. A narrativa de ficção não está obrigada às datas do tempo do calendário, à sucessão de gerações, ao local dos vestígios.
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Dica de livro

Desenvolvimento econômico brasileiro
Autor: Argemiro Jacob Brum
Editora Vozes (https://www.livrariavozes.com.br)
Veja: encurtador.com.br/AGT16
🍃362 páginas


🔶A obra apresenta um panorama da evolução econômica do Brasil. No processo brasileiro, o autor identifica três grandes fases distintas: a) a fase primário-exportadora (1500-1930); b) a tentativa de construção de um desenvolvimento nacional e autônomo, através da industrialização (1930-1964); c) a fase de desenvolvimento associado dependente, aprofundada a partir de 1964.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Dica de livro



História concisa da língua portuguesa
Autores: Renato Miguel Basso e Rodrigo Tadeu Goçalves
Editora Vozes (https://www.livrariavozes.com.br)
Veja: encurtador.com.br/fgrzB
🍃328 páginas


🔶A língua portuguesa tem uma fascinante história de mais de 800 anos, que se estende por 4 continentes e perpassa diversas culturas diferentes. Neste livro, você vai encontrar alguns episódios importantes dessa história, tanto do ponto de vista mais amplo, que inclui geografia, economia, demografia, entre outras áreas de investigação, quanto do ponto de vista mais específico da linguística, que tem por objetivo apresentar as mudanças que a língua portuguesa sofreu ao longo de sua história.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Dica de livro

Idade Moderna: os momentos fundadores da cultura ocidental
Autores: Antonio Edmilson M. Rodorigues/João Masao Kamita
Editora Vozes (https://www.livrariavozes.com.br)
Veja: encurtador.com.br/fltHN
🍃392 páginas

Uma chamada para a reflexão sobre os séculos decisivos da modernidade europeia, tendo como ponto de partida o exame dos momentos fundadores da cultura ocidental. Esta é a proposta deste livro, terceiro volume da coleção História Geral. Os autores destacam a importância do Humanismo e do Renascimento, das reformas religiosas e da formação dos Estados Modernos, entre vários outros temas fundamentais, para a formação da Europa Moderna e para o nosso reconhecimento como homens do mundo contemporâneo, expostos a questões ainda mais complexas do que aquelas que apresentavam um mundo de possibilidades abertas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018



Redes, liberdades e controle

Uma genealogia política da internet

Autor: Benjamin Loveluck
Editora Vozes (https://bit.ly/2CFWN3v)
🍃392 páginas


A internet materializa a liberdade de expressão, a difusão de conhecimentos, a criação e a inovação. Mas afinal que tipo de ferramenta é a internet: de liberdade ou de controle? Essa dialética encontra-se no cerne da rede, oriunda de uma matriz científica e militar, mas moldada pela contracultura norte-americana. Das utopias do ciberespaço até a Nova Economia, do hacking aos commons informacionais, este livro esboça uma genealogia da internet e decifra os seus projetos emblemáticos, tais como o Google, Facebook, WikiLeaks ou Wikipédia. Traz também uma contribuição decisiva para a teoria política da internet, além de uma reflexão inédita sobre as mudanças do liberalismo contemporâneo; ou seja, dois desafios a enfrentar que, daqui em diante, são indissociáveis.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Dica de Livro

Uma breve história da Europa
Autor:Jacques Le Goff
Editora Vozes (https://bit.ly/2CFWN3v)
Veja:
https://bit.ly/2CFWN3v
🍃168 páginas




Nesta obra, o leitor descobre a riqueza da memória histórica, e encontra uma extraordinária apresentação da História da Europa, desde a definição conceitual do que a Europa é, passando pelos aspectos geográficos, políticos, culturais e sociais, pelas heranças das civilizações grega e romana, pelas transformações destas heranças na Idade Média, com as influências do cristianismo, das ciências e das artes, para constituir o que hoje se pode definir como sendo a Europa, e fornecendo, por fim, elementos para a discussão atual sobre a União Européia, com suas múltiplas e profundas implicações de ordem histórica, econômica e política.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Dica de livro

Igualdade e diferença:
Construções históricas e imaginárias em torno da desigualdade humana

Autor: José D'Assunção Barros
Editora Vozes (http://www.universovozes.com.br/)
Veja: https://bit.ly/2N3Fk6V
🍃192 páginas

Igualdade, Desigualdade e Diferença são expressões com as quais todos nos deparamos diariamente. Os dois ensaios que compõem este livro propõem-se a discutir tanto o jogo conceitual envolvido entre estas três idéias na sua complexa interação, como a trajetória de cada uma delas na história moderna. Aqui serão discutidos os sistemas de dominação do homem pelo homem, e as propostas de libertação que contra eles se afloraram. São abordados também os movimentos reais que, ao longo da história, intentaram estabelecer o reino da Igualdade no mundo, e algumas das mais belas utopias já produzidas pela imaginação dos poetas, romancistas e visionários.